terça-feira, 29 de junho de 2010

REFLEXÃO FINAL

Em jeito de conclusão sobre este tempo de formação e apesar de já ter feito as devidas reflexões sobre cada um dos quatro Módulos, queria só deixar registadas umas ideias sobre alguns aspectos que suscitaram alguma discussão e que merecem a minha atenção atenção.Pensar o ensino da Língua Portuguesa exige do docente o domínio da língua, de seus princípios de aprendizagem e uma reflexão minuciosa da realidade, para então organizar e seleccionar temas e conteúdos que devem ser ensinados sistematicamente, articulando-os com o desenvolvimento das competências das crianças.Na lógica do Novo Programa é recomendado que o ponto de partida para a planificação das actividades sejam as Competências que se pretendem desenvolver nos alunos… Este cenário surge como um desafio para os docentes pois implicará naturalmente algumas mudanças de perspectiva na planificação e nas práticas lectivas…No que respeita à avaliação, como formanda estou sujeita a um processo de avaliação… Com o tempo, habituamo-nos ao papel de avaliadores dos nossos alunos e agora estou envolvida numa nova situação… A avaliação foi um tema discutido na formação, questionando-se até que ponto as formas/instrumentos de avaliação actuais poderão estar ou não adequadas ao que se preconiza no novo programa.Um aspecto que gostaria de deixar aqui registado, decorrente das reflexões que fiz e da informação explorada, tem a ver com a forma como avaliamos os nossos alunos. Foi referido que a tendência, quando avaliamos, é dar muitas vezes ênfase às competências que o aluno ainda não desenvolveu ou a aspectos em que o aluno falhou. Tal levou-me a ponderar sobre o que faço e procurar melhorar a forma como avalio também, numa atitude mais centrada no que conseguem realmente fazer e partir daí para continuar o desenvolvimento das competências previstas.Esta ideia foi já defendida por Joseph Joubert, escritor francês “As crianças têm mais necessidade de modelos do que de críticas” , pelo escritor alemão von Goethe “Corrigir, ajuda; encorajar, ajuda ainda mais” ou até por Geraldo Eustáquio: “Tentar e falhar é pelo menos aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido”.Na verdade, podemos encarar os erros como apenas lições. O crescimento é um processo de tentativas e erros e defende-se que só experimentando é que realmente aprendemos. As experiências que poderão não dar certo fazem parte do processo de aprendizagem tal como as bem sucedidas. Tal está de acordo com o ensino da Lingua em oficina, não como mera transmissão e aplicação de conhecimentos… é necessário proporcionar ao aluno situações em que possa fazer, corrigir, reformular, descobrir regularidades, experimentar, compreender…Na realidade, a introdução de práticas experimentais na aula de Português é um aspecto proposto pelo novo programa, que poderá constituir um dos mais importantes contributos para a melhoria das aprendizagens dos alunos na disciplina. No entanto, é dificil uma aplicação na prática como seria de desejar, tendo em conta a formação actual de turmas com elevado número de alunos e com diferentes níveis dde ensino (1º ciclo). Não querendo dizer que será impossivel a concretização de tão relevante desígnio, penso que o Sistema de Educação deverá rever alguns aspectos no sentido de facilitar/viabilizar a execução real do que é proposto.Gostaria ainda de recordar o papel do aluno, pois também na formação foi referido que o docente pode planificar e propor actividades/estrátegias interessantes, mas isso não garante que consiga fazer o que se propõe… Concordámos todos que nem tudo depende do professor! A realidade mostra-nos que de facto nem sempre o professor encontra do outro lado alunos que estejam em sintonia com as suas visões e anseios. Cabe também ao próprio aluno investir no seu Eu e fazer a sua parte para que as coisas funcionem!Não obstante, considero que o professor assume um papel preponderante na forma como encara o processo de ensino-aprendizagem, nos instrumentos que utiliza, na forma como avalia e na forma como deixa transparecer essa avaliação.Para concluir, com o novo programa será necessária uma alteração de práticas que implica um investimento em formação contínua de qualidade e o acompanhamento dos docentes nas escolas. Neste sentido, soube que a formação contínua no próximo ano lectivo, não se sabendo ainda em que moldes… Penso que o mais importante serão os trabalhos práticos junto dos docentes, até porque penso que conseguimos fazer um bom trabalho relativamente ao tratamento da parte mais teórica relativa ao enquadramento e organização do programa, aos conceitos, fundamentos e competências. Tenho consciência de que é possivel fazer mais e melhor, mas até ao momento fiz o que podia, dando o meu contibuto nesta preparação da implementação do Programa.

"Se toda a gente fizesse o que pode o mundo estaria, com certeza, melhor. " José Saramago, A Viagem do Elefante, Caminho, p. 255

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Docente Reflexiva...

Uma das exigências desta formação era que fossemos professores reflexivos!


"Há momentos na vida em que a questão de saber se alguém pode pensar de um modo diferente de como pensa e sentir de um modo diferente de como sente é indispensável para continuar observando e reflectindo".
M. Foulcault


Actualmente é consensual a ideia de que o professor deve ter uma atitude reflexiva sobre a sua própria prática, na expectativa de que a reflexão será um instrumento de desenvolvimento do pensamento e da acção. A reflexão constitui, então, um factor que influencia e determina a prática de ensino. Verifica-se que os professores possuem teorias sobre o que é o ensino. Estas teorias, que influenciam a forma como pensam e actuam na sala de aula, permanecem muitas vezes inconscientes para os próprios professores.
Dewey (1989) enumera 3 atitudes que definem um ensino reflexivo.
A primeira atitude necessária é a mentalidade aberta, que obriga a escutar e respeitar diferentes perspectivas, a prestar atenção às alternativas disponíveis, a indagar sobre as possibilidades de erro, a examinar as razões do que se passa na sala de aula, a procurar várias respostas para a mesma pergunta, a reflectir sobre a forma de melhorar o que já existe, etc.
A segunda atitude consiste na responsabilidade, tratando-se sobretudo de responsabilidade intelectual, que significa considerar as consequências de um passo projectado e assumir essas consequências quando decorram de qualquer posição previamente assumida. Esta atitude assegura a integridade, isto é, a coerência e a harmonia daquilo que se defende.
A última atitude a que se refere Dewey é o entusiasmo, descrito como a predisposição para enfrentar a actividade com curiosidade, energia, capacidade de renovação e de luta contra a rotina.
Estas atitudes revelaram-se importantes nesta de formação, tendo sido propostas actividades de reflexão e análise, que implicavam a aquisição e desenvolvimento de um pensamento e de uma prática reflexivas.
Esta forma de reflexão, que passa necessariamente pela indagação, permitiu-me analisar a minha prática, identificando estratégias para a melhorar. Neste sentido, introduziu um compromisso de mudança e de aperfeiçoamento à luz do conhecimento sobre o documento que justificou a realização desta formação, o Novo Programa de Português para o Ensino Básico.
Reconheço que enquanto professora torno-me mais atenta à necessidade de revisão e melhoria da minha prática, quando estou integrado em actividades que implicam a análise e a observação de meu próprio perfil e das características de meu trabalho. O processo de reflexão e discussão sobre a prática foi importante para perceber algumas mudanças como uma necessidade individual, atendendo às orientações do novo Programa.


"Deves ter serenidade para aceitares as coisas que não podes mudar, coragem para mudares aquilo de que és capaz e sabedoria para veres a diferença."
Sócrates

REFLEXÃO - Módulo IV


Nesta reflexão pretendo fazer o enquadramento da informação recebida e relacioná-la com a minha actividade docente, podendo referir alguns aspectos que se foram modificando nas minhas práticas educativas. Assim, procurei encontrar uma linha de aprofundamento de ideias exploradas nas sessões presenciais e nas leituras relacionadas com os temas aí explorados, numa perspectiva de perceber as implicações na minha prática, no sentido de a recontextualizar à luz das orientações do Novo Programa.

A ESCRITA

Retive a ideia de que há um espaço que medeia entre o que sinto, o que quero escrever e o que acabo por escrever! Tal fez-me reflectir, pois já tinha pensado que muitas vezes a escrita não consegue acompanhar o nosso pensamento e que é difícil por vezes escrever o que realmente pensamos ou sentimos…

Nesta formação lancei o tema para debate no Fórum “Dificuldades dos alunos na produção de textos” procurando partilhar com os colegas algumas ideias no sentido de proporcionar aos alunos os contextos e condições mais adequados para que possam ESCREVER. Ficaram registadas muitas ideias sobre este tema: escrita com sentido, partir de temas do interesse dos alunos, criar contextos estimulantes, escrever com um objectivo (jornal, correspondência…), escrita livre, em oficina, motivação… todos concordamos que é necessário experimentar situações em que a escrita seja significativa para os alunos, utilizar diferentes recursos, diversificar estratégias…
Mas… na primeira sessão foi reafirmado que é realmente difícil escrever perante uma página em branco, buscar palavras… Apesar de já ter sentido esta dificuldade, nunca tinha reflectido muito sobre o facto de poder ser “partilhada” da forma como o escritor António Lobo Antunes a descreveu. Tinha a ideia de que, apesar de surgirem momentos de falta de inspiração, os escritores e poetas tinham uma relação fácil com a escrita, que escrever era um acto de prazer e nunca um momento quase “penoso” a que assistimos, por vezes, na escola…
Afinal, a Escrita é um processo complexo e esta abordagem na formação levou-me a procurar entender as dificuldades da escrita que atrás referi um cenário mais alargado, que nos remete para as concepções de escrita e sua evolução, para as dificuldades que os próprios professores experimentam, para a necessidade de reequacionar as minhas práticas... Percebo que, para além da procura de ideias para melhorar as propostas de actividades nas aulas, é necessário agora verificar se as minhas práticas estão na direcção do que se pretende. Analisar do ponto de vista do que faço e do que se espera que eu faça à luz do Novo Programa. Como a Escola e eu concebemos a escrita e como actuo…
Esta reflexão será necessariamente um processo que não se esgota neste momento mas que vai merecer um trabalho contínuo. Há medida que for trabalhando e conhecendo melhor o Novo Programa, torna-se inevitável comparar o que ele recomenda com a minha prática e fazer o meu percurso de aproximação às novas orientações. Não sendo um ponto de ruptura com o que fiz até agora relativamente à Escrita, reconheço que há vários aspectos que necessito repensar e que posso melhorar. Compreendi ainda que o Novo Programa vem reforçar as perspectivas que devemos ter e os cuidados necessários para desenvolver o processo de Escrita com os alunos, fundamentando as recomendações apresentadas.
Na realidade, em relação à Competência da Escrita, considero que o estudo/ trabalho que estamos a fazer sobre o Novo Programa constitui uma forma de alertar e promover a reflexão individual e colectiva no sentido de percebermos que há outras estratégias, que é possível descobrir outras formas de conduzir e levar os meus alunos onde quero… Nesta caminhada, antevejo necessariamente alterações, até porque a utilização do Novo Programa permite-nos aceder a informação aliada à Investigação, o que traz conhecimentos positivos a integrar nas nossas práticas. Tenho-me deparado com situações em que sinto que já fiz muito ou quase tudo como docente e a aprendizagem de algumas crianças continua a ser muito limitada. Nestes casos, espero que os contributos de outras Ciências nos possam ajudar a clarificar como a criança aprende… Acredito que o docente deve assumir a sua responsabilidade e procurar diferentes abordagens, mas há situações em que pode sentir-se “sozinho/perdido” se não conseguir enquadrar as suas crenças e acções no que nos dizem as outras Ciências e num contexto mais abrangente que envolve a relação professor-aluno. Esta noção de contexto alarga o âmbito onde se contemplam outras variáveis, o que sem ser com o intuito de atribuir “culpas”, nos pode ajudar a encontrar respostas…
Uma vez que se pretende trabalhar na mira do desenvolvimento de competências, foram exploradas algumas ideias nas sessões quanto à Escrita que, não constituindo propriamente grandes novidades, me fizeram reflectir. Assim, recordou-se que o aluno aprende a escrever, escrevendo, e que aprendizagem da escrita nunca está concluída…
Recordou-se ainda que a criança tem potencialidades e competências, cabendo ao professor ajudar a desenvolvê-las… Para tal, devemos Ensinar, isto é, fazer a ponte entre o conhecimento e o que a criança tem, tendo em conta a componente afectiva, motivacional…
Mas, vimos que Ensinar não é o mesmo que dar aulas e é um facto que no fim da minha aula nem todos aprenderam… Realmente se o aluno não aprendeu, eu não ensinei! Tenho esta consciência e na nossa reflexão entre pares concluímos nem sempre ser possível pôr em prática o ensino individualizado como seria necessário, tendo em conta as características específicas de cada aluno numa turma de 25!! Depois, alegámos dificuldades devido à diversidade de interesses dos alunos, à falta de motivação para a aprendizagem, especialmente da Escrita, e mesmo à falta de vontade de trabalhar que muitos demonstram…
Considero que os argumentos atrás referidos são pertinentes e difíceis de resolver, mas penso que o Novo Programas pode constituir uma chamada de atenção relativamente ao papel do professor e às suas possibilidades de intervenção perante este cenário. Assim, é atribuindo ao professor o papel de gestor Programa, o que lhe permite atender às características da turma na preparação da sua actividade (Anualização), e são apresentadas estratégias que assentam numa lógica processual, permitindo ao professor o acesso a um conjunto de informação que poderá usar para rentabilizar e melhorar a sua prática. Vão certamente continuar a haver de alunos que não conseguimos ENSINAR, mas com orientações renovadas e experimentando novos percursos, podemos aumentar a possibilidade de mais alunos efectivamente conseguirem APRENDER nas nossas aulas!!
È ainda reforçada a ideia de que a criança só aprende quando é significativo para ela, isto é, quando há relação com o que já existe, o que já sabe… Aqui evidencia-se a importância dos Resultados Esperados apresentados no Novo Programa, que orientam o professor quanto à planificação da etapa seguinte e dos Conhecimentos Prévios na construção de Sequências Didácticas.
Apesar de ter procurado diversificar o trabalho que tenho proposto nas minhas aulas quanto às actividades de Escrita, tenho consciência que posso fazer mais e encontrei no Novo Programa e no GIP da Escrita contributos e intenções de escrita variadas que porei certamente em prática. Em alguns casos, são melhorias do que já tenho feito, noutros encontro aspectos mais inovadores e sinto que o importante é mesmo ir experimentando e aprendendo. Penso que a intenção deste trabalho sobre o Novo Programa consiste em ficar com conhecimento significativo para o professor, para que este possa aplicar na sua acção… Cabe-me, a partir do que aprendi sobre os processos de escrita, gerir a informação e desenvolver a minha componente de auto-aprendizagem e auto-regulação.
Assim, ao planificar e organizar uma actividade para desenvolver a competência da Escrita, pretendo questionar se constitui uma proposta à luz do que preconiza o Novo Programa, se está faseada, se contempla a dimensão processual, se convoca outras competências? Terei em atenção que o professor deve acompanhar todo o processo… que para escrever os alunos têm que compreender para depois explicitar e usar… que não é fácil nem linear a transferência da regra estudada para a sua aplicação na prática… que devo propor situações de modo que os alunos necessitem usar as regras da Escrita para as resolver… que é importante criar momentos em que os alunos podem utilizar os seus conhecimentos a partir das necessidades e problemas que a Escrita coloca…
Para concluir, relativamente à importância dada às Etapas da Escrita, é para mim o aspecto que constitui um desafio pôr em prática já no próximo ano lectivo, até porque vou leccionar o 2º ano, e encaro isso como uma oportunidade de começar este percurso com crianças ainda numa fase inicial de produção escrita. Este ano lectivo, trabalhei com o 1º ano e os desafios foram outros… Mas, pela minha experiência em anos anteriores quanto à Produção de Textos, penso que dei menos atenção à etapa da “ Planificação” do que o peso que assume no Novo Programa e vários aspectos relacionados com a etapa da “Revisão” também poderão certamente ser melhorados…

(Continua na próxima mensagem)

REFLEXÃO - Módulo IV (cont.)


(Continuação da mensagem anterior)

Cabe ao professor construir cenários para os alunos aprenderem e desenvolverem as competências previstas. A Sequência Didáctica constitui então um cenário onde o aluno vai actuar e aprender.

Sequência Didáctica

A Sequência Didáctica surge como um conjunto de actividades de Ensino (o que o professor vai fazer) e de Aprendizagem (o que é suposto o aluno fazer a partir da actividade proposta pelo professor), partindo dos pré-requisitos /conhecimentos prévios dos alunos. São então propostas experiências articuladas entre si, organizadas de modo sistemático, voltadas para o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes.
As Sequências Didácticas são construídas num sentido de progressão e complexificação crescente, surgindo com uma forma de planificar na lógica das Competências e não dos Conteúdos, como tem sido tradicionalmente feito. Assim, as competências estão no centro do processo, havendo uma Competência Foco, que em determinada Sequência é privilegiada, e as Competências Associadas que auxiliam, de forma articulada, a Competência Foco. Promove-se, assim, o desenvolvimento integrado das diferentes competências, o que faz mais sentido para quem aprende. Deixamos ainda de ter as práticas focalizadas nos Conteúdos, passando estes a estar ao serviço das Competências.
Vimos que a Sequência Didáctica permite a interdisciplinaridade pois possibilita o desenvolvimento de competências de diferentes áreas e, no tratamento de um tema, os alunos podem recorrer a conhecimentos de outras áreas e ampliá-los. Considero que a interdisciplinaridade enquanto possibilidade de articulação das várias áreas, permite trabalhar o conhecimento globalmente, o que é muito importante, especialmente no 1º Ciclo em que trabalhamos em monodocência.
Numa primeira impressão, apeteceu-me dizer que “os professores já fazem isso, sem usar esse nome!” pois uma Sequência Didáctica, pode fazer lembrar algumas planificações preparadas sobre um Tema, a partir do qual a turma trabalhava num período de tempo, nas diferentes áreas, havendo normalmente um produto final… No entanto, admito que frequentemente o ponto de partida não eram as Competências, mas um Conteúdo Programático ou tema… Penso que só um tema gerador, trabalhado pela óptica de diferentes disciplinas não garante a interdisciplinaridade e o trabalho a partir das competências faz mais sentido. Assim, apesar de neste momento ainda ter dúvidas e achar que preciso aprender mais para poder construir e implementar Sequências Didácticas, entendi que apresentam desafios cada vez maiores aos alunos, permitindo a construção do conhecimento. Serão, então um desafio também para mim, enquanto professor!
Procurando reunir mais informação para me preparar para a tarefa que se avizinha na construção de Sequências Didácticas, é importante o registo de algumas ideias: esta é composta por várias etapas que incluem actividades de aprendizagem e avaliação, dando a dimensão do mais simples para o mais complexo; para construir uma Sequência Didáctica é necessário efectuar um levantamento prévio dos conhecimentos dos alunos e a partir desse planear uma série de aulas com desafios e/ou problemas, actividades diferenciadas, jogos… Gradualmente, deve-se aumentar o grau de dificuldade das tarefas propostas, permitindo um aprofundamento dos conhecimentos em simultâneo com o desenvolvimento das competências.
Uma das dificuldades que poderei sentir prende-se com a definição/previsão do tempo necessário para as etapas, até porque as turmas são bastante heterogéneas devido aos diferentes níveis, com crianças pequenas e ritmos distintos… O tempo deverá permitir a avaliação final e contínua do desempenho dos alunos, prevendo um “espaço” para as intervenções e correcções de rumo, quando necessário.
Concluo esta longa reflexão, reconhecendo que uma das minhas dificuldades da ESCRITA foi começar esta reflexão (página em branco!) mas, afinal, parece que também me estava a custar acabar!!!



quinta-feira, 24 de junho de 2010

Replicação e Acompanhamento na Escola


As sessões de Replicação sobre os Novos Programas de Português do Ensino Básico decorreram na Escola Básica1,2,3/ J.I. de Angra do Heroísmo, no horário das 16h 30m às 18h.

Estiveram presentes os docentes do 1º ciclo, dos docentes de Língua Portuguesa, de Inglês e de História e Geografia de Portugal do 2º Ciclo da, bem como dos docentes do 2º ciclo da Escola Tomás de Borba. Foram ainda representados os docentes do Colégio de Santa Clara. Tendo em conta o número de docentes, foram formados tês grupos, havendo o cuidado de em todas as sessões estarem presentes docentes dos três ciclos de ensino.

O grupo preparou as sessões de replicação, tendo prara tal produzido documentos de apoio com uma versão necessáriamente reduzida e adaptada da informação recebida. O material utilizado (Powerpoints e exemplos de actividades práticas) foi disponibilizado via digital para todos os docentes. Da mesma forma, fizemos chegar ainda aos docentes a documentação que nos foi facultada no âmbito das sessões presenciais, no sentido de completar/aprofundar a informação que era possivel partilhar.

1º Replicação

Nos dias 26, 27 e 28 de Janeiro foram realizadas três sessões.
O Plano das sessões foi o seguinte:
- Enquadramento, contexto e fundamentos do programa;
- Conceitos chave;
- Organização geral do programa;
- Organização programática por ciclo:
- Importância da oralidade.
As sessões correram com normalidade, penso que conseguimos transmitir as informações necessárias, sensibilizar para a leitura do programa e suscitar algumas a partilha de algumas inquietações e preocupações entre os presentes.
Quando referida a ideia do professor gestor curricular, foi levantada a questão dos exames e das PASES, pois receia-se que ao fazermos uma gestão das competências tendo em conta o perfil da turma, não se contemple o exigido nestes instrumentos de avaliação externa.
Outra preocupação foi o uso dos manuais, por um lado se irão estar ajustados ao novo programa e por outro se serão necessários, visto que, pelo menos teoricamente, cada turma terá uma anualização diferente.

2º Replicação

Realizaram-se três sessões nos dias 9, 10 e 11 de Março de 2010.
Nestas reuniões trataram-se conteúdos abordados na 2ª e 3ª sessões de formação presencial, ou seja, as competências da
- Compreensão do Oral
- Expressão Oral
- Escrita
- Leitura
Relativamente à competência do Conhecimento Explícito da Língua, decidimos que seria abordada na próxima sessão de replicação, tendo em conta a possibilidade da realização de uma Formação CEL - workshop, prevista para os formandos da Turma 3. Assim, resolvemos aguardar por mais este contributo no sentido de melhorarmos a nossa preparação para a abordagem à competência do CEL.
Foi apresentado um PowerPoint sobre cada uma das competências abordadas, produzidos a partir do material cedido pelos formadores nas sessões presenciais. Nestes era explorada a informação teórica, seguindo-se algum trabalho de reflexão e diálogo a partir da apresentação/exploração de actividades práticas.
Quanto à Compreensão Oral optamos pelo visionamento de parte da história contada por Luís Carmelo utilizada na formação, seguida da análise de diferentes de actividades de Compreensão Oral, preparadas para explorar o texto oral seleccionado. A partir da apreciação dos vários exemplos apresentados, foi possível a partilha de experiências e ideias sobre a prática dos docentes presentes.
Relativamente à Escrita, além da parte teórica, optamos pelo visionamento do anúncio publicitário, seguindo-se a apresentação de exemplos de planificação de textos sobre uma tese relacionada com o mesmo, realizados nas sessões presenciais. Esta actividade permitiu reflectir sobre o reconhecimento da importância da planificação do texto, sendo de registar a opinião dos docentes sobre as dificuldades reveladas pelos alunos e alguma falta de tempo para o trabalho de revisão que é necessário fazer em conjunto com eles.
No que respeita à Leitura, tal como nas anteriores competências, fizemos uma abordagem teórica, seguida de hiperligação ao site do Plano Nacional de Leitura. Aqui pudemos ver a parte dos Livros Digitais, dos livros recomendados por ano de escolaridade…
No final, houve algum espaço reservado à apresentação de dúvidas e questões. Penso que foi uma sessão produtiva que gerou reflexão e alguma partilha de experiências. Uma vez que estão presentes professores dos 3 ciclos, com horários bastante diversos, e ocorrendo as sessões em tempo pós-laboral, é de sublinhar o esforço por parte dos colegas para poderem estar presentes nestas reuniões. Pensamos que este aspecto pode causar algum cansaço e condicionar de certa forma a sua participação. Apesar de tudo, os docentes demonstraram-se disponíveis para participar nas sessões de trabalho e sentimos que o feedback recebido dos colegas foi positivo quanto à organização da sessão.

3º Replicação

Nos dias 15 e 17 de Junho foram realizadas duas sessões de replicação.
Nesta fase do ano lectivo, sentimos dificuldade para agendar as sessões devido a outras reuniões de docentes já marcadas. Assim, resolveu-se reorganizar os professores e foram formados dois grupos.
A agenda de trabalhos foi a seguinte:
- Anualização
- Sequencia Didáctica
- Guiões de Implementação do Programa.

Iniciámos com o enquadramento da anualização e gestão do Programa operacionalizado no exercício de anualização… Foram apresentados alguns exemplos de anualizações.
Após uma visualização de PowerPoint com a clarificação de conceitos e formas de organização/planificação das actividades através da Sequência Didáctica, foram apresentadas a Sequência Didáctica “Alerta Amarelo” facultada pelos formadores e um roteiro de sequência didáctica relativo à entrevista a um escritor (Módulo 3).
Foram apresentados os 3 Guiões de Implementação do Programa e analisadas algumas propostas de actividades de cada um, para os vários ciclos de ensino.
No final destas sessões, gerou-se uma reflexão/discussão bastante “animada”, tendo os professores demonstrado algum cansaço e pouca disponibilidade mental para entrarem ainda no “ espiríto” da sequência didáctica! Muitos consideraram um trabalho quase utópico, que exige muita preparação e antecipação, o que nem sempre é compatível com a prática… Entenderam que esta proposta de trabalho exige um grande investimento de tempo dada a sua complexidade e questionaram quanto à exequibilidade de realizar um trabalho tão exaustivo quanto aquele que as sequências fazem prever, dado que a informação solicitada parece ser muita e os professores estão já sobrecarregados/insatisfateitos com o trabalho “burocrático” que lhes é exigido…
Na realidade, embora reconheçam que poderá ser um instrumento de trabalho importante e que esteja de acordo com as orientações do Novo Programa, implica muito trabalho de preparação de recursos e actividades... Os professores do 1º ciclo consideraram um trabalho que à partida, tendo em conta a monodocência, se reveste de uma dificuldade acrescida devido à necessidade de gerir todo o programa e articular as várias áreas, nas diversas sequências… Levantou-se ainda a inevitavel questão dos manuais, como se articulam com os recursos previstos….
Como replicadora e docente do 1º ciclo, identifiquei-me com algumas das preocupações dos presentes, mas procurei “defender” o Novo Programa e amainar os ânimos com a perspectiva de ainda termos mais um ano para esclarecer e preparar o que se pretende pôr em prática com a entrada em vigor do Programa de Português!

Posso concluir que a replicação constituiu na nossa escola, tal como se pretendia, um espaço de encontro entre docentes dos três ciclos, o que não acontece com frequência. Permitiu aos docentes a partilha de algumas experiências pedagógicas relacionadas com as várias competências e houve também lugar para alguma reflexão sobre as práticas que deverão ser adoptadas/melhoradas na concretização do programa. De um modo geral, foram sessões produtivas, que geraram reflexão e partilha de experiências.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Participação na Formação em Linha

Relativamente à minha participação na Formação em Linha, foi no âmbito desta formação que acedi pela primeira vez a uma plataforma moodle e trabalhei nestes moldes. Procurei, começando com uma fase inicial de descoberta e exploração, comunicar através da plataforma a fim de me manter actualizada e participar nos vários os temas dos vários fóruns existentes.

No que respeita à minha participação pessoal, procurei manter-me sempre actualizada, tendo para isso, lido todas as intervenções dos colegas e formadores nos vários Fóruns, os balanços publicados e feito o download da documentação disponibilizada na plataforma. Procurei ainda intervir nos vários temas lançados para debate e propondo outros, corresponder às solicitações on-line (teste e avaliação) e enviar os trabalhos propostos dentro dos prazos.

Numa fase desta formação, por motivos de força maior que envolveram doença grave e morte de familiar próximo, sinto que a minha participação pode ter sido menos activa, mas procurei manter-me sempre actualizada e cumprir todo o trabalho solicitado. A minha saúde também resolveu pregar-me uma partida com uma situação bastante complicada, com a qual estou procurando lidar da melhor forma que consigo, mas acaba necessariamente por influenciar o meu desempenho…

Considero que foi um espaço importante de partilha de dúvidas, preocupações e experiências dos docentes no que respeita à prática lectiva, a algumas activididades realizadas já de acordo com as orientações do novo Porgrama, ao acompanhamento das replicações nas várias escolas… Constituiu ainda uma forma de manter o contacto entre todos os docentes envolvidos na formação.

Fazendo então o balanço final relativamente às minhas participaçõe on-line considero que fiz um percurso enriquecedor e consegui cumprir os objectivos estipulados neste ponto da formação.

As minhas intervenções nos fóruns:

https://docs.google.com/fileview?id=0B-1OekM1VGgjNDRhNTA0ODMtMDhlMi00NTFmLWI4NjUtODhhODg5OWY3Mjlm&hl=en

domingo, 18 de abril de 2010

REFLEXÃO - Módulo III

O professor…

…não apenas ensina a aprender, mas aprende a ensinar com os seus alunos, na partilha com outros colegas, com as situações vivenciadas, nos espaços de formação…

…tem necessariamente que reflectir sobre a sua prática pedagógica, pois sem isso não há mudança possível em educação. Há a expectativa de que a reflexão seja um instrumento de desenvolvimento do pensamento e da acção.

Nesta reflexão é importante realçar uma vez mais a oportunidade que nos é dada de realizarmos um trabalho crítico e reflexivo sobre as nossas práticas e experiências no ensino do Português, a partir dos temas explorados nas sessões presenciais.
Na minha formação como docente, esta caminhada em busca de renovação/actualização de conhecimentos define-se como uma necessidade de aprender e contactar com diferentes saberes sobre a educação. Tenho ainda possibilidade de conhecer perspectivas e experiências diferentes, de encontrar novos instrumentos/recursos e confrontá-los... A partir daí, de regresso à sala de aula, acontece necessariamente alguma mudança, que acredito estar a traduzir-se de forma positiva na minha prática diária. Por outro lado, algumas recomendações e ideias que foram exploradas levaram-me a reconhecer que existem ainda aspectos em que preciso melhorar, em termos de selecção de estratégias e planificação de actividades mais centradas no desenvolvimento das competências.
É de registar que, perante os conteúdos teórico-práticos deste curso, repensar algumas opções assumiu-se como uma necessidade… Assim, tenho procurado mobilizar o que aprendi nas minhas aulas e esta constitui, sem dúvida, uma mais-valia da formação. Os temas abordados e o conhecimento experimental revelaram-se um valor positivo e orientado para a prática, reflectindo-se na forma como penso e actuo na sala de aula. Segundo Perrenoud, “a postura e as competências reflexivas não garantem nada; contudo ajudam a analisar os dilemas, a construir escolhas e a assumi-las” (PERRENOUD, 2002).
Considero que esta formação permite-me ainda desenvolver destrezas práticas no que respeita à capacidade de relacionar a análise com a prática, com os fins e com os meios. Esta indagação ajuda-me a identificar estratégias para melhorar o meu desempenho e introduz um compromisso de mudança e de aperfeiçoamento. Desenvolvem-se, igualmente, destrezas de comunicação, pois enquanto professora, neste espaço de formação comunico e partilho ideias com outros colegas, o que evidencia a importância das actividades de trabalho e de discussão em grupo.
O processo de reflexão, suscitado no âmbito da formação, conduziu-me necessariamente a momentos em que verifico não conseguir fazer tudo o que gostaria ou o que acredito ser o mais adequado/recomendável para a minha turma ou para alguns alunos. Na realidade, há situações em que só podemos fazer o melhor que conseguimos. Tal, nem sempre é o que consideramos ser o ideal ou necessário para aquelas crianças… Neste sentido, recordo um pensamento de Sócrates: "Deves ter serenidade para aceitares as coisas que não podes mudar, coragem para mudares aquilo de que és capaz e sabedoria para veres a diferença."

LEITURA

Ler é também imaginar sem recorrer à imagem, o que representa um exercício mental rico e activo. Desde o início da idade escolar, as crianças ao serem expostas constantemente a novas palavras por via oral ou através de leitura compreensiva, enriquecem o seu vocabulário e o conhecimento do mundo. Tal exige a nossa atenção como docentes no sentido de procurarmos desenvolver o gosto pela leitura e proporcionar o treino continuado que esta exige.
Retive a ideia de que devemos escolher um texto ou um livro com um objectivo preciso e explicar aos alunos o porquê da sua utilização de forma clara, ou seja, deve ficar claro um propósito. Os textos escolhidos devem apresentar desafios para os alunos, ser significativos e proporcionar uma aprendizagem. Tal obriga a um trabalho de planificação atento e um cuidado redobrado na escolha do Corpus Textual.
O que penso que acontece, na maioria das vezes, é que nós, enquanto docentes do 1º ano, estamos tão preocupados que eles aprendam as letras, as palavras e depois as frases que nos esquecemos um pouco das histórias a que estão muitas vezes habituados. É este também um momento em que pode ocorrer, muitas vezes, dificuldades na motivação para a leitura, principalmente no caso das crianças que revelam dificuldades de aprendizagem. Assim, as “chamadas de atenção” sobre a importância da abordagem da leitura nos primeiros anos de ensino e o recordar de várias estratégias discutidas na formação, revelaram-se determinantes no meu trabalho. Apesar de, em anos anteriores já ter leccionado o 1º ano e ter desenvolvido várias actividades referidas no novo programa, a verdade é que ao longo deste ano procurei implementar ou melhorar algumas estratégias para desenvolver a competência da Leitura. Considero que, além do “ensinar a ler”, preocupei-me mais em prever e planificar actividades de leitura diversificadas e orientadas para promover o gosto pela leitura. Assim, como estão ainda a aprender a ler, eu li mais para os alunos, envolvi as famílias na leitura de livros e pequenas histórias, recontadas pelos alunos depois na aula, convidei pais e avós para virem à sala ler… Estas e outras estratégias, não sendo propriamente uma novidade na minha prática, foram utilizadas de forma mais sistemática e planificadas no trabalho integrado das várias competências. Neste aspecto, admito que investi na articulação com actividades de desenvolvimento de competências da Compreensão e Expressão do Oral de forma mais consistente do que fazia anteriormente. Além disso, consegui um maior equilíbrio entre a minha preocupação de “ensinar a ler” e a participação da turma em situações mais diversificadas de Leitura.
Senti necessidade de ter em consideração o ambiente familiar dos alunos, pois alguns não têm livros em casa (poucos, felizmente) e criou-se a possibilidade de levar livros da escola para leitura em família. Tendo o cuidado de contemplar a diversidade cultural dos ambientes familiares a que as crianças pertencem e procurando efectuar uma adequada diferenciação pedagógica, procuro que a escola seja um espaço de valorização da leitura e em que todos têm igual acesso aos livros.
No início da sessão, ao abordarmos a competência da Leitura, foi referido que o novo Programa não traz propriamente muitas novidades, sendo importante sensibilizar para a sua importância. Procurou-se criar e dar linhas orientadoras no Programa para actividades mais integradoras e mais desafiadoras, para que o aluno esteja motivado e faça a progressão prevista. Recordo que as palavras “diversos” e “diversificar” são bastante repetidas no Programa e têm que nortear as nossas opções na escolha dos textos e livros.
Uma ideia debatida na formação tem a ver com a planificação/preparação de actividades de leitura tendo em conta o texto, o contexto e o leitor. Na realidade, a aplicação destes princípios surge naturalmente devido à heterogeneidade dos grupos no que concerne às aprendizagens. No entanto, com 21 alunos de 6 anos, com níveis de desempenho diferentes e alguns com necessidade de apoio individualizado para realizar a maioria das tarefas propostas, torna-se bastante complicado conseguir implementar a diferenciação necessária. Ainda estão a ganhar autonomia e preciso fazer um acompanhamento próximo do seu trabalho, pelo que a planificação de diferentes actividades a desenvolver ao mesmo tempo têm sido difícil. Foi dito que se estão todos a fazer o mesmo, não estamos a valorizar os leitores porque têm capacidades diferentes e concordo, mas senti algumas limitações na minha capacidade de resposta em relação a algumas estratégias que gostaria de ter explorado. Houve actividades em que foi adaptado o grau de dificuldade, outros momentos em que sobre o mesmo texto foram solicitados trabalhos diferentes, trabalho a pares… A leitura de livros adequados ao nível etário dos alunos, em conjunto e em voz alta, assumindo a representação de personagens referenciados nos livros, revelou fortes potencialidades de motivação, suscitando uma diversidade de actividades e discussões subsequentes.
Verifico que, quando começamos a examinar nossas próprias práticas, podemos detectar algumas “contradições” entre o que pensamos/dizemos e como agimos. O surgimento destas diferenças, questionamentos ou dúvidas, faz indagar sobre os motivos e o que podemos fazer para atenuar algum desfasamento entre o que conhecemos e o que fazemos.
Em relação aos trabalhos práticos desenvolvidos, considero que foram bastante enriquecedoras e serviram para evidenciar a importância de estarmos num mesmo espaço docentes dos três ciclos. Por exemplo, a partir da Leitura dos mesmos textos foram apresentadas diferentes sugestões de actividades para cada ciclo de ensino, tendo em conta a progressão necessária no grau de dificuldade da tarefa proposta. Esta é uma forma de evidenciar que o ensino não deve ser encarado de forma compartimentada, podendo o mesmo texto ser utilizado por alunos em diferentes contextos de aprendizagem, partindo de abordagens diversificadas e preparadas com criatividade…

SEQUÊNCIAS DIDÁCTICAS

São actividades ligadas entre si, planeadas para desenvolver competências e ensinar um conteúdo, etapa por etapa; são organizadas de acordo com os objectivos que o professor pretende alcançar com os seus alunos e envolvendo sempre actividades de aprendizagem e avaliação. Podem e devem ser usadas em qualquer disciplina ou conteúdo, pois auxiliam o professor a organizar o trabalho na sala de aula de forma gradual, partindo de níveis de conhecimento que os alunos já dominam para chegar aos resultados esperados, de forma progressiva. Uma vantagem desse tipo de trabalho é que leitura, escrita, oralidade e aspectos gramaticais são trabalhados em conjunto, o que faz mais sentido para quem aprende. Penso que nós, professores, já fazemos isso, talvez sem utilizar esta terminologia e sem a continuidade agora prevista.
Gostaria de registar que achei bastante interessante a construção do roteiro de sequência didáctica. Foi um dos aspectos em que constatei o quanto a exploração de situações e exemplos práticos nos pode ajudar a “desmistificar” alguns aspectos que à partida nos parecem difíceis. Penso que, de uma maneira geral, as sequências apresentadas estavam bem conseguidas e previam aulas interessantes, em que os alunos podiam desenvolver várias competências. Reconheci a importância de utilizarmos esta metodologia em termos de planificação e apercebi-me que será esse o caminho num futuro próximo… Mas, admito que, trabalhando em mono docência no 1º ciclo, ainda tenho dificuldades e algumas dúvidas sobre a sua utilização ao longo do ano. Há a competência foco a trabalhar e outras competências da área de Português numa determinada sequência didáctica, mas é importante também articular com conteúdos de outras áreas, com os temas a desenvolver no Plano Anual de Actividades da escola, com alguns questões levantadas pela turma e que constam no Projecto Curricular de Turma, com dias comemorativos, épocas festivas… O trabalho de construir sequências didácticas exige um tempo de reflexão e avaliação e implica o conhecimento específico da turma. Adaptar uma mesma sequência a uma turma com diferentes níveis de aprendizagem, requer uma grande capacidade de organização.
Sinto que construir ao longo do ano as referidas sequências é um trabalho que não se afigura fácil, mas são os desafios que nos movem… E também é verdade que uma vez elaborada, a sequência didáctica é uma boa orientação e facilita o nosso trabalho num determinado período de tempo. Desta forma, vamos ter que investir na planificação e colher os benefícios desse trabalho!

quinta-feira, 4 de março de 2010

Plano Nacional de Leitura

Considero que os recursos disponibilizados no site do Plano Nacional de Leitura são importantes estruturas de apoio à prática docente. Os livros seleccionados e apresentados são actualizados e adequam-se às práticas pedagógicas sugeridas no Novo Programa.

Tal não substitui um trabalho de selecção da parte do professor relativamente aos livros para explorar com os alunos de acordo com as orientações do NPPEB a utilizar na escola, uma vez que conhece o contexto e as características dde cada turma. É necessário mantenha uma atitude crítica perante a grande quantidade de obras disponibilizadas e é necessário fazer a sua contextualização no programa.

Plano Nacional de Leitura

http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

REFLEXÃO - Módulo II

Neste segundo momento de formação presencial, houve algum tempo em que os formandos puderam trocar ideias e apresentar dúvidas relativamente ao trabalho que nos é proposto. Esta situação revelou-se bastante positiva pois, apesar da partilha que é possível fazer através da plataforma do curso, são importantes estes espaços de diálogo nos momentos em que nos encontramos pessoalmente. Penso que são oportunidades de enriquecer a nossa participação e melhorar as nossas práticas.
Ao longo dos dois dias deste módulo, paralelamente à apresentação teórica de alguns conteúdos e competências do Programa, tivemos oportunidade de os explorar na realização de actividades práticas. Penso que a estratégia implícita no “Aprender, fazendo…” foi positiva na medida em que nos ajudou a compreender o que se pretende, suscitando uma participação activa na construção do nosso conhecimento. Defendemos que é importante para os nossos alunos a aprendizagem assente na experimentação e considero que foi também uma boa aposta para esta formação!
Algumas considerações sobre os trabalhos propostos. Foram realizados trabalhos em pequeno grupo em que foi abordado o conhecimento explícito da língua ao serviço da compreensão do oral. A tarefa foi operacionalizada com a realização de várias propostas de didactização para a exploração do documento áudio “A Estrela de Água”. A seguir, procedeu-se à apresentação e análise do trabalho realizado. Esta actividade de partilha conjunta dos resultados fez-nos reflectir sobre diferentes possibilidades de efectivar o trabalho simultâneo destes dois conteúdos, o que reconhecemos nem sempre ser a prática mais comum nas escolas.
Foi proposta a análise de fichas de trabalho com sugestões de escrita, tendo este trabalho constituído mais uma forma de evidenciar a referida importância da partilha de experiencias e saberes entre os professores presentes. Assim, cada professor, tendo em conta o nível de ensino em que trabalha, teve oportunidade de explorar diferentes aspectos das “tarefas” propostas, justificando as suas dificuldades e escolhas a partir da realidade que vivencia na escola. Foi ainda possível constatar as possibilidades de se efectivar um trabalho em que, baseado nos conhecimentos anteriores, o que se pede aos alunos seja um complemento e desenvolvimento do que já aprendeu.
Trabalhou-se o tema “Os desafios da escrita: a oficina de escrita”. Esta é uma actividade complexa e reconhecemos ser necessário que o professor seleccione criteriosamente estratégias para que o aluno trabalhe a escrita em contextos significativos. Reflectimos sobre a importância que deve ser dada às Etapas da Planificação das Actividades de Escrita. O trabalho prático centrou-se na fase da Planificação de um texto. Esta é uma etapa muito importante na produção de textos e o aluno deve ser incentivado a deter-se mais na planificação do seu texto pois terá seguramente as tarefas seguintes facilitadas…
Ainda relativamente às etapas da Planificação atrás referidas, detivemo-nos sobre o papel determinante do professor no acompanhamento e orientação dos alunos, atendendo às suas necessidades e com o intuito de os tornar escritores capazes e confiantes. Quanto à etapa da Planificação, atendendo ao objectivo da actividade e tendo em conta o que os alunos já são capazes de fazer, o docente poderá auxiliar na definição do objectivo de comunicação, na definição do tipo de texto, no levantamento de ideias, na produção do plano… Com a prática teremos alunos mais autónomos e capazes de produzir melhores textos! Na realidade, reconhecemos que ainda há bastante a fazer para melhorar os percursos de escrita e vê-la como um processo em que são essenciais as várias etapas.
Relativamente à anualização dos conteúdos programáticos foram-nos apresentados exemplos e sugerido que nós elaborássemos algumas propostas para partilha posterior na plataforma. Reconheço que este é um aspecto em que sinto dificuldades e ainda preciso alguma ajuda. Para tal, conto com os exemplos que vão sendo partilhados… Um aspecto que considero importante para poder “esboçar” um trabalho de anualização terá de ser o conhecimento da turma, caso contrário subsistem dúvidas sobre a viabilidade da sua aplicação. Sei que poderá ser adaptada, mas temos que ter um ponto de partida para basear a nossa proposta …
Um aspecto a realçar desta segunda sessão foi o trabalho realizado em oficina, com uma componente prática seguida de partilha e reflexão sobre as experiências e dificuldades sentidas pelos formandos. Revelou-se bastante positivo e ajudou-nos a compreender o que é proposto no Novo Programa. Algumas tarefas apresentadas em que, sobre o mesmo tema, tínhamos que preparar uma actividade destinada a cada um dos ciclos de ensino, permitiram-nos reflectir sobre o trabalho possível e necessário no que respeita à progressão entre ciclos… Diferentes possibilidades de explorar um conteúdo num ciclo de ensino e ainda nos diferentes ciclos. A questão dos patamares sucessivos no que respeita ao aumento do grau de dificuldade…
Gostaria ainda de sublinhar outro ponto positivo nesta formação, que tem a ver com a realização de trabalhos práticos, em que os grupos são constituídos por docentes dos 3 ciclos de ensino. É importante esta abordagem do mesmo tema/conteúdo a partir da perspectiva de cada professor, tendo em conta a sua realidade e os alunos a que se destinam. Foi, sem dúvida, mais uma forma de evidenciar possibilidades de progressão e articulação inter-ciclos, argumentos fundamentais nesta formação.
Nesta segunda sessão presencial foram dadas algumas orientações sobre o trabalho a desenvolver no sentido de dar a conhecer o Programa aos colegas.
Para concluir, gostaria de registar que nestas sessões em que, paralelamente ao tratamento teórico de alguns temas foi privilegiado o trabalho prático, tal constituiu uma forma de incentivar percursos de trabalho em grupo. Estes poderão não se esgotar na presente formação e conduzir a uma dinâmica continuada, transformando a
escola num espaço onde os professores não só ensinam, mas também aprendem.