terça-feira, 29 de junho de 2010

REFLEXÃO FINAL

Em jeito de conclusão sobre este tempo de formação e apesar de já ter feito as devidas reflexões sobre cada um dos quatro Módulos, queria só deixar registadas umas ideias sobre alguns aspectos que suscitaram alguma discussão e que merecem a minha atenção atenção.Pensar o ensino da Língua Portuguesa exige do docente o domínio da língua, de seus princípios de aprendizagem e uma reflexão minuciosa da realidade, para então organizar e seleccionar temas e conteúdos que devem ser ensinados sistematicamente, articulando-os com o desenvolvimento das competências das crianças.Na lógica do Novo Programa é recomendado que o ponto de partida para a planificação das actividades sejam as Competências que se pretendem desenvolver nos alunos… Este cenário surge como um desafio para os docentes pois implicará naturalmente algumas mudanças de perspectiva na planificação e nas práticas lectivas…No que respeita à avaliação, como formanda estou sujeita a um processo de avaliação… Com o tempo, habituamo-nos ao papel de avaliadores dos nossos alunos e agora estou envolvida numa nova situação… A avaliação foi um tema discutido na formação, questionando-se até que ponto as formas/instrumentos de avaliação actuais poderão estar ou não adequadas ao que se preconiza no novo programa.Um aspecto que gostaria de deixar aqui registado, decorrente das reflexões que fiz e da informação explorada, tem a ver com a forma como avaliamos os nossos alunos. Foi referido que a tendência, quando avaliamos, é dar muitas vezes ênfase às competências que o aluno ainda não desenvolveu ou a aspectos em que o aluno falhou. Tal levou-me a ponderar sobre o que faço e procurar melhorar a forma como avalio também, numa atitude mais centrada no que conseguem realmente fazer e partir daí para continuar o desenvolvimento das competências previstas.Esta ideia foi já defendida por Joseph Joubert, escritor francês “As crianças têm mais necessidade de modelos do que de críticas” , pelo escritor alemão von Goethe “Corrigir, ajuda; encorajar, ajuda ainda mais” ou até por Geraldo Eustáquio: “Tentar e falhar é pelo menos aprender. Não chegar a tentar é sofrer a inestimável perda do que poderia ter sido”.Na verdade, podemos encarar os erros como apenas lições. O crescimento é um processo de tentativas e erros e defende-se que só experimentando é que realmente aprendemos. As experiências que poderão não dar certo fazem parte do processo de aprendizagem tal como as bem sucedidas. Tal está de acordo com o ensino da Lingua em oficina, não como mera transmissão e aplicação de conhecimentos… é necessário proporcionar ao aluno situações em que possa fazer, corrigir, reformular, descobrir regularidades, experimentar, compreender…Na realidade, a introdução de práticas experimentais na aula de Português é um aspecto proposto pelo novo programa, que poderá constituir um dos mais importantes contributos para a melhoria das aprendizagens dos alunos na disciplina. No entanto, é dificil uma aplicação na prática como seria de desejar, tendo em conta a formação actual de turmas com elevado número de alunos e com diferentes níveis dde ensino (1º ciclo). Não querendo dizer que será impossivel a concretização de tão relevante desígnio, penso que o Sistema de Educação deverá rever alguns aspectos no sentido de facilitar/viabilizar a execução real do que é proposto.Gostaria ainda de recordar o papel do aluno, pois também na formação foi referido que o docente pode planificar e propor actividades/estrátegias interessantes, mas isso não garante que consiga fazer o que se propõe… Concordámos todos que nem tudo depende do professor! A realidade mostra-nos que de facto nem sempre o professor encontra do outro lado alunos que estejam em sintonia com as suas visões e anseios. Cabe também ao próprio aluno investir no seu Eu e fazer a sua parte para que as coisas funcionem!Não obstante, considero que o professor assume um papel preponderante na forma como encara o processo de ensino-aprendizagem, nos instrumentos que utiliza, na forma como avalia e na forma como deixa transparecer essa avaliação.Para concluir, com o novo programa será necessária uma alteração de práticas que implica um investimento em formação contínua de qualidade e o acompanhamento dos docentes nas escolas. Neste sentido, soube que a formação contínua no próximo ano lectivo, não se sabendo ainda em que moldes… Penso que o mais importante serão os trabalhos práticos junto dos docentes, até porque penso que conseguimos fazer um bom trabalho relativamente ao tratamento da parte mais teórica relativa ao enquadramento e organização do programa, aos conceitos, fundamentos e competências. Tenho consciência de que é possivel fazer mais e melhor, mas até ao momento fiz o que podia, dando o meu contibuto nesta preparação da implementação do Programa.

"Se toda a gente fizesse o que pode o mundo estaria, com certeza, melhor. " José Saramago, A Viagem do Elefante, Caminho, p. 255