segunda-feira, 2 de novembro de 2009

REFLEXÃO - Módulo I



Na apresentação e explicação sobre esta formação, a minha primeira reacção foi de alguma ansiedade e preocupação pelo trabalho que estava sendo proposto e a dedicação que era exigida. Mas, considero ter sido uma reacção natural tendo em conta os receios que normalmente surgem quando nos propõem coisas novas, diferentes da nossa realidade mais conhecida. Foi o caso das intervenções em linha, da criação do E-Portfolio… Além disso, esta formação surgiu num momento em que já tinha um número significativo de outros compromissos profissionais e pessoais, o que me preocupou em termos de disponibilidade para responder ao que era pedido… Mas, após o “susto” inicial, rapidamente me apercebi que a única escolha era continuar e aproveitar esta oportunidade de formação para aprender e crescer! Esta será mais uma forma de fazer o que posso, para ajudar a melhorar o mundo!
Nos nossos dias, que se caracterizam pela mudança contínua, esta formação surge como um espaço de aprendizagem e minha expectativa é que contribua para o enriquecimento da minha prática lectiva. Atendendo ao facto existirem espaços de comunicação entre formandas, nas sessões presenciais e nos fóruns, podemos multiplicar as possibilidades de partilhar experiências. Tendo em conta os temas lançados para debate, gerou-se um espaço de partilha, conhecimento e informação sobre conteúdos muito pertinente. Esta participação permite-nos fazer uma análise e reflexão sobre actividades didácticas de ensino da língua, com o objectivo de melhorar os níveis de compreensão da leitura, da expressão oral e da escrita.
Os docentes desta formação procuram responder ao desafio e à necessidade de melhorar o ensino da língua portuguesa, no âmbito das orientações do Novo Programa de Português. Penso que nos é dada oportunidade para reflectir sobre metodologias e estratégias de ensino da língua em sala de aula. O desenvolvimento dos conhecimentos dos professores sobre o Programa, a par de uma reflexão sobre as práticas em conjunto com os colegas, podem ser fundamentais para alterar e melhorar as experiências na sala de aula. Este saber reflexivo conduzirá a práticas tão diversificadas quanto os contextos e os desafios de uma sociedade em constante mutação.
Fica a expectativa de que esta formação possa dar novas bases ao nível dos conhecimentos sobre os conteúdos do programa dos três ciclos de ensino básico e ideias de como podem ser operacionalizados.
A seguir faço referência a algumas ideias que considero ser importantes reter após este primeiro momento de formação presencial.
O Novo Programa de Português apresenta-se como um documento integrador que sistematiza e tem por base vários documentos que têm servido para apoiar o processo ensino-aprendizagem, ao logo dos últimos anos. Este é um grande mérito deste projecto, na medida em facilita o trabalho do docente ao utilizar só um documento com toda a informação organizada, em vez dos vários documentos que necessita utilizar nos últimos tempos. É um documento de simplificação que resultou da de uma reflexão partilhada que envolveu professores, pais e alunos.
É também um documento que formaliza e focaliza lógica de progressão, formalidade e complexidade. Aos professores é-lhes dada maior liberdade da gestão e orientação curricular, tendo em conta os Projectos Curriculares das suas turmas e necessidades dos seus alunos. Esta situação é bastante evidente na organização em dois momentos no 1º Ciclo, em vez do programa compartimentados em anos de escolaridade com que estamos a trabalhar. Esta alteração vem ao encontro do que na prática já sentíamos necessidade de fazer em muitos casos.
Um aspecto discutido foi a afirmação de que a aprendizagem da língua não se esgota na aula de português e de que o princípio da transversalidade da língua é relevante: “se o ensino do Português previsto nestes programas se desenrola numa aula específica e com um professor formado para o efeito, isso não significa que nessa aula e com esse professor se esgote, para o aluno, a aprendizagem do idioma e a sua correcta utilização.” (p. 6). Este é um aspecto importante, até porque no meu caso em que trabalhamos as várias áreas curriculares, nunca é demais reforçar o interesse em trabalhar a Língua em todos os momentos, de forma transversal no tratamento de conteúdos específicos das diferentes áreas curriculares. Na realidade, “Sendo a língua de escolarização no nosso sistema educativo, o português afirma-se, antes de mais por essa razão, como um elemento de capital importância em todo o processo de aprendizagem, muito para além das suas “fronteiras” disciplinares. O princípio da transversalidade afirma aqui toda a sua relevância (...)” (p. 12), considero ser esta uma vantagem do ensino do português no 1º Ciclo. Na passagem do 1º para o 2º ciclo, em que surge a compartimentação dos saberes, incluindo o saber da Língua, que é colocado como disciplina e objecto de estudo, tal com a Matemática, por exemplo, acabam por verificar-se perdas. É essencial que se lute por uma verdadeira defesa do princípio da transversalidade neste momento de viragem na vida dos alunos. Deve ser-lhes dada a possibilidade do reconhecimento da língua e da disciplina que a estuda como central na formação de estudantes e de cidadãos conscientes e críticos da força da língua.
Outra questão a considerar é a concepção efectiva da aprendizagem da língua por ciclo num enquadramento de progressão, proporcionando a relação inter-ciclos e intra-ciclos no Ensino Básico. Relativamente à articulação entre ciclos, é defendido o princípio da progressão, no sentido de complexificar. É valorizado o percurso do aluno, pois este aprende apoiado em conhecimentos anteriores. Este processo é facilitado, na medida em que estando os programas dos três ciclos num documento único, é facultado aos docentes o conhecimento das competências a desenvolver e conteúdos explorados “antes” e “depois” do momento em que estão a trabalhar. Ajuda os docentes no conhecimento da continuidade prevista para que a complexificação progressiva seja uma realidade. Assim, admite-se que certos conteúdos programáticos sejam retomados, em níveis de dificuldade crescente e sempre em sintonia com a necessidade de se manter uma forte articulação entre ciclos.
A importância dada à utilização das novas tecnologias é também um aspecto a registar. Tendo em conta a existência de novos cenários e solicitações, novas linguagens e suportes para o acesso à informação que se apresentam com características bastante apelativas, a escola necessita acompanhar e ajudar as crianças a encontrar formas de resposta e interacção adequadas. Tal exige o domínio de literacias múltiplas, nomeadamente, a literacia informacional (associada às tecnologias de informação e comunicação) e a literacia visual (leitura de imagens).
Uma das maiores potencialidades do Novo Programa de Português prende-se com a valorização das competências de expressão oral e de compreensão oral, que se apresentam como competências muito importantes no desenvolvimento das competências da leitura e da escrita. As competências do oral devem, assim, ser trabalhadas de forma explícita na sala de aula, tendo sido chamada a atenção para a necessidade de planificar intervenções na oralidade.
É apresentado um Corpus Textual adequado a cada ciclo, com critérios claros de constituição. É defendida a representatividade e qualidade dos textos, a integridade das obras, a diversidade textual, a progressão e a intertextualidade.